sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Por Jocelyn Auricchio e Filipe Serrano

São Paulo, 04 (AE) - A tecnologia nas escolas pode ser um aliado importante dos educadores, mas, para que seja eficaz, é necessária uma modificação na forma como o ensino é pensado. A principal tarefa dos educadores hoje é estruturar um sólido projeto pedagógico e então introduzir a tecnologia onde for interessante ou cabível.
Essa foi a principal idéia por trás das diferentes filosofias de ensino com as quais a reportagem teve contato.Não adianta colocar o PC na escola se ele não estiver cuidadosamente integrado às atividades de diferentes disciplinas.
Outro ponto levantado foi a clareza de propósito quando a tecnologia for utilizada. Se uma atividade, como fazer um pôster sobre o ciclo da água para uma aula de ciências, pode ser feita utilizando meios não-tecnológicos, como papel, lápis de cor e cola, não há sentido em fazer isso usando o computador.
O recurso tecnológico deve ser usado quando efetivamente oferece algo que não poderia ser feito por meios convencionais. Explorar um corpo humano tridimensional usando um quadro digital é muito mais interessante que olhar um livro estático. Aprender a dinâmica das guerras de expansão da Roma Antiga é muito mais divertido com um game. A tecnologia não deve excluir, de forma nenhuma, o ensino clássico. A idéia é que ambos se complementem.
PROFESSOR
Outro ponto que deve ser observado é a transformação da figura do professor. Antes, era ele que se encarregava de transmitir o conhecimento que possuía. Hoje, apesar de manter seu papel de liderança, ele também é um aprendiz e precisa repensar como deve ser seu comportamento em sala de aula. "O professor é um mediador do aprendizado do aluno. Ele não é mais um simples detentor do conhecimento, mas um facilitador do acesso à informação", diz Regina Silva, coordenadora de projetos da Positivo Informática. "Hoje, o professor constrói o conhecimento com o aluno", completa.
Estimular o trabalho em equipe também é muito importante na escola de hoje. A grande vantagem de o aluno trabalhar em grupo é que assim é desenvolvida a consciência de que ele é parte de um todo, um componente da sociedade que pode e deve exercitar sua capacidade de interagir com seus iguais em busca de um resultado positivo comum. Muito mais do que simplesmente capacitar o aluno para o mercado de trabalho, o intuito das aulas colaborativas é prepará-lo para a vida.
Uma das novas ferramentas que visam esse tipo de integração são os quadros digitais, equivalentes hi-tech dos antigos quadros negros. As imagens do PC são projetadas em uma tela especial, dotada de sensores que interpretam o movimento das mãos sobre o quadro como se fosse o mouse.
A tecnologia, que foi trazida do Reino Unido pela Divertire, envolve muito mais que um simples equipamento, pois faz parte de uma solução pedagógica que envolve hardware, software e materiais didáticos.
Além de exibir o que o professor roda no PC, o quadro pode ser utilizado para atividades colaborativas, inclusive com a participação dos alunos. Pequenos dispositivos, parecidos com controles remotos, são oferecidos aos alunos, que interagem com o conteúdo.
O Objetivo usa a lousa digital em três de suas unidades em São Paulo. As aulas utilizam o software Google Earth para que as crianças aprendam a ver a geografia do bairro, da cidade, do país e do mundo de maneira mais realista. Na lousa, um projetor exibe a tela do computador, onde o professor comanda o programa.
"O estudante conhece a Terra como um todo, diferente dos mapas bidimensionais pregados na sala de aula", diz Almir Brandão, diretor do Centro de Tecnologia da Unip-Objetivo. "Assim, ele percebe que o Brasil não está abaixo do Hemisfério Norte. É só girar a Terra", completa. As aulas iniciam a partir do 2º ano do ensino fundamental, quando os alunos começam a se familiarizar com mapas.
OUTRA VISÃO
Porém, nem todas as escolas acreditam que a tecnologia seja benéfica na educação. Professores ligados à pedagogia Waldorf fazem críticas às aplicações, apesar de não discordarem da importância de utilizar os eletrônicos na vida. "O deslumbramento com a tecnologia é ruim. Ensinar com o computador é um uso utilitário e não faz sentido se os meios tradicionais cumprem o papel", diz o professor Lourenzo Bagini, do Colégio Waldorf São Paulo.
"A tecnologia é muito favorável, mas deve ser compreendida. Antes, os alunos precisam conhecer os processos técnicos envolvidos", diz Shigueyo Mizoguchi, da Federação das Escolas Waldorf no Brasil.
"GAME É DIVERSÃO E APRENDIZADO"
Cláudia Stippe é pesquisadora em tecnologia educacional. Foi pioneira no uso na tecnologia em aula e é gerente de tecnologia educacional do Grupo Klick e consultora da Microsoft. Ela falou sobre games na escola.
AGÊNCIA ESTADO - Como os jogos podem ser usados para reforçar o ensino?
CLÁUDIA STIPPE - Os games foram o primeiro suporte tecnológico. No começo usávamos até Mario, Lemmings e Carmen San Diego. Era para suprir a falta de softwares pedagógicos. Os games são até melhores porque os programas didáticos muitas vezes são reproduções de livros. Tudo que dá para fazer no papel, não precisa ser feito no PC.
AE - Algumas crianças reclamam da falta de um ambiente divertido.
STIPPE - O game tem a intenção de divertir e com isso ensinar. Todos eles têm algo a oferecer. Trabalho com Age of Empires para auxiliar no ensino de História, principalmente sobre as guerras da Idade Média. Infelizmente, a Microsoft não tem foco educacional porque ele tem potencial grande no ensino. Com os games, os alunos gravam melhor do que com livros.
AE - Qual outro jogo é bacana?
STIPPE - Na educação infantil, Lemmings é meu favorito. Ele trabalha com desafios o tempo todo. É fantástico colocar crianças nessa situação. Elas precisam organizar cada bonequinho para realizar uma tarefa diferente e vencer o obstáculo. Zoo Tycoon é rico também. Os animais são detalhados. Poderia ser usado em aulas de biologia.
AE - Qual sua opinião sobre Second Life e The Sims?
STIPPE - Gosto de jogos quando têm um propósito. Sim Farm e Sim City tinham uma questão de entender necessidades administrativas. O The Sims é surreal e superficial. É como se estivesse em um mundo paralelo.
FONTE:www.google.com.br

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